Buscar a solução demanda visão de longo prazo. Enquanto a agência e o cliente se preocuparem apenas com sua rentabilidade de curto prazo, a batalha continuará

Uma discussão antiga das agências ganha um novo contorno. Questionando os modelos de concorrência e a contração de fornecedores de Marketing e comunicação por job, a briga sempre foi para conscientizar o cliente do benefício da contração de uma agência em longo prazo. Além da vantagem do anunciante em ter um parceiro que entende do seu negócio em profundidade, entregando melhores trabalhos, o modelo também era vantajoso para as agências, uma vez que tinham um cliente fixo.

O tempo passou, as relações foram se profissionalizando, o mercado demandou melhores soluções e grande parte das maiores empresas passou a contar com fornecedores fixos, seja por contrato de longo prazo ou por um pool de fornecedores que o atendem recorrentemente. A questão agora é que nem este modelo está sendo satisfatório para algumas agências. A quebra de braço entre fornecedores e o departamento de compras dos anunciantes continua.

O motivo é que, mesmo com um fee mensal, há clientes que demandam trabalhos não planejados ou acordados em contrato e, o mais comum, a grande quantidade de alterações nos projetos que acontecem ao longo do processo de criação e implementação. Há duas causas para estes problemas. O primeiro é a inabilidade do fornecedor em resolver o problema proposto pelo cliente. O segundo é a incapacidade que o cliente tem de prover informações suficientes para a realização do projeto, não saber pedir, não saber avaliar ou, pior, não saber o que quer.

 

Problemas X Soluções
Vocês que estão dos dois lados do balcão entendem o problema. Buscar a solução demanda visão de longo prazo. Enquanto a agência e o cliente se preocuparem apenas com sua rentabilidade de curto prazo, a batalha continuará. É preciso ter profissionais comprometidos com as marcas para as quais trabalham. Conhecer em profundidade o mercado, seus clientes e prospectes é o básico e o primeiro passo para não criarem briefings ineficientes.

A correria do dia a dia, as múltiplas responsabilidades dos gerentes e diretores de Marketing e a velha juniorização também são responsáveis por projetos que se transformam em Frankenstein e encarecem o processo. Não é à toa que as ações de Marketing que realmente geram grande efetividade são contadas nos dedos de uma única mão. Também não é à toa que o Brasil tem voltado para casa com dor de cabeça e mãos vazias após os festivais e prêmios no exterior.

Esta discussão tem que sair do departamento de compras. Deve ir para o RH. Para o board da empresa. Os dirigentes das agências têm que falar mais com os CEOs do que com os CFOs. Os profissionais de Marketing, por sua vez, devem conversar mais com as pessoas que podem comprar seus produtos, com seus clientes, do que com os coleguinhas de profissão. Enquanto houver problemas básicos, haverá esta velha discussão.

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